terça-feira, 8 de maio de 2012

Carta aberta à Presidente Dilma Roussef


Carta à Presidente Dilma Roussef sobre a situação nacional


Sra Presidente, temos visto ultimamente uma possibilidade iminente de uma crise política demasiadamente gigantesca  em seu mandato. A crise Cachoeira pode derrubar desde ministros do STF, passando por políticos oposicionistas e chegando até aos situacionistas. Porém V. Excia, meu propósito aqui é outro. Não venho falar de tal crise pois não sou conhecedor de seus pormenores. De tal crise, apenas sei desta quantidade significativa de notícias que vêm se sucedendos nos noticiários. Talvez o motivo seja mais visível do que V. Excia possa pensar. Venho aqui como cidadão brasileiro ( e já adianto que não lhe destinei meu voto em nenhum dos turnos nas eleições últimas) pleitear uma mudança significativa, sem interesses subalternos, por mais corriqueiros que os sejam hoje na política nacional. 
Venho lhe falar sem altas aspirações. Este escrevinhador de finais de semana, blogueiro das horas vagas, tão incompetente quanto alguns de seus ministros, já que alguns sequer se mostram conhecedores dos requesitos mínimos que seu cargo exige, embora tal cargo lhe gere muitos dividendos, tanto políticos quanto financeiros ( o maior exemplo disso está no Sobrinho do dono da Rede Record de Televisão, Sr. Marcelo Crivella, empossado não sei se por sorte, por conveniência política de ter ao lado de V. Excia os votos do PRB, dos Evangélicos ou o apoio da referida emissora acima), pelo menos traz o compromisso de lhe demonstrar a verdade para, com ela, V. Excia analisar e, quem sabe, resolver as contradições e os absurdos que cercam sua administração.
V. Excia chegou ao governo montada no prestígio do ex presidente Lula. Até hoje não pude discernir sobre as reais intenções do ex presidente. Embora o governo Lula tenha alcançado significativos progressos sociais, teve ao seu lado os maiores ladrões da República. Pois bem, V. Excia chegou, sem dizer ao que veio, é verdade, e tem a chance de se tornar uma grande presidente, a "presidente de todos os brasileiros". Só que existe um problema. Os ladrões do Governo Lula continuam intimamente ligados ao governo de V. Excia. E agora, o que fazer?
Nas ruas do Brasil existe o clamor popular, embora menor do que deveria, pelo julgamento do mensalão. Neste exato momento, o que faz V. Excia e seus assessores em relação a este fato? Se calam! Esta é a atitude que uma chefe de estado deve tomar?
Como primeira magistrada da nação, V. Excia deveria ser a primeira interessada no julgamento dos premidos criminosos. Além deste fato, não seria muito confortável para V. Excia conviver no mesmo partido com figuras à nível de José Dirceu, Palocci e Delúbio Soares. V. Excia deveria querer o oposto já que está ficando tão conhecida por "limpar a sujeira". Então porque não limpar a maior sujeira do Partido dos Trabalhadores, que contaminou toda a nação?
Não tenho pois, a pretensão de lhe dizer o que fazer. Mas com toda a isenção de ânimo que me é possível, sei que lhe falo com muito mais sinceridade do que os jornalistas chapas-branca, como aquele que possui um blog patrocinado pela Caixa Econômica Federal, que sempre vai direto ao assunto quando o referido assunto é adular a V. Excia. O que este jornalista falou sobre o mensalão? Qual sua opinião sobre o assunto? 
Sra Presidente, fazer oposição neste país é muito difícil. Existe aquela oposição pura e simples, estúpida, e existe a oposição do toma-lá-dá-cá que se desfaz diante da iminência de qualquer acordo que vá favorecer suas bases. Mas devo lembrar a V. Excia que existe uma terceira oposição. Aquela que fiscaliza, dá sua opinião, aponta os erros, aplaude os acertos e colabora no processo democrático. Disso seu partido não entende, infelizmente, pois além de nunca ter feito uma oposição consciente ( é pública e notória a conduta do PT na época do Plano Real apenas para servir como exemplo), classifica como sistemático ou como adesista todo oposicionista que lhe aparece pelo caminho. Se o oposicionista critica, é sistemático, se elogia é adesista. E para alguns aliados seus, sequer existe oposição.
A oposição existe.  Prova disso é a participação na CPMI do Cachoeira e a pressão pelo julgamento do mensalão. Mas V. Excia condena muito mais quem lhe mostra a verdade do que os verdadeiros culpados. Seria como aquela anedota em que o juiz, temeroso de tomar a decisão certa, acaba por punir o promotor, só porque mostra-lhe os pormenores do crime, e absolve o réu. V. Excia ouve muito mais aqueles que a adulam (os chamados chapas, cheios de dinheiro proveninentes dos patrocínios das... ESTATAIS) e esquece que tais aduladores podem lhe falsear tudo o quanto é fato para permanecer atrelado as tetas do poder.
V. Excia deveria romper com as amarras dessa corrupção(corrupção não é só caracterizada pelo roubo, mas pelo simples fato de se corromper, seja por cargos, favores ou privilégios) e realizar um governo realmente dotado de interesse público. Talvez eu até mesmo pare de lhe chamar de assassina embora tenha prometido a mim mesmo só parar de lhe caracterizar como assassina quando todos aqueles mortos pelas associações clandestinas às quais V. Excia se integrava, ressucitassem. Em frente. V. Excia hoje tem a chance de realizar tal anseio dos brasileiros aflitos que clamam por um governo honesto, íntegro e sincero. Faça isso. Expulse os peemedebistas corruptos e adesistas. Rompa com a ala mensaleira do PT. Pare de lotear os cargos de sua administração e tenha a chance de criar um nome verdadeiramente nacional ( sem "forçar a barra" como fizera na ocaisão em que abrira a Assembleia da ONU no ano passado, sendo que foi feito um estardalhaço simplesmente por V. Excia ser a primeira mulher a abrir os trabalhos da  Assembleia, porém qualquer que fosse o Chefe de Estado brasileiro que fosse, abriria, pois era a nossa vez, logo não havia nada de extraordinário nisto), pois hoje não existem "dilmistas". Até seus eleitores lhe tratam como uma síndica de um condomínio de luxo pertencente ao Lula. Pois bem, este condomínio é o Brasil e V. Excia tem que assumir suas responsabilidades de presidente por completo.
Não sei se V. Excia teria espírito público suficiente para tais medidas. O que me parece é que seguirá governando com esta coalizão absurda de partidos, com mensaleiros, corruptos e ineptos. Que permanecerá permitindo que estatais financiem jornalistas para lhe falsearem a verdade, que não deixará de lotear cargos e que com isso, a esperança de milhões de brasileiros seguirá, mais uma vez, o caminho do ralo.
Infelizmente.
De um eleitor ( que agradece à Deus por José Serra não ter sido eleito, mas que lamenta com a mesma intensidade  a vitória de V. Excia) que deseja um futuro melhor para seu país.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A nova face da política imigratória brasileira.


 
Aeroporto de Guarulhos, porta de entrada dos imigrantes do século XXI


Divulgado com entusiasmo e ufanismo pelo governo brasileiro e por jornais que fazem parte da grande mídia brasileira, o novo fluxo de imigrantes europeus para o Brasil já é uma realidade. No entanto a seguinte pergunta nos intriga, a nós brasileiros: Por que não reformar o nosso sucateado sistema educacional para que o cidadão brasileiro possa competir de igual para igual com o estrangeiro?  
      Pergunta essa, que eu me fiz ao me deparar com tal iniciativa completamente equivocada dos nossos governantes, já que apesar da sua qualificação a atual mão de obra europeia não é estável e não tem interesse em permanecer no Brasil, após o fim da crise do bloco europeu. Além disso, a política imigratória brasileira coordenada pela Secretaria de Assuntos Estrangeiros (SAE) é discriminatória, pois segundo Ricardo Paes Barros, economista e coordenador do projeto irá ocorrer um processo chamado de “imigração seletiva”, ou seja, um eufemismo utilizado para mascarar a não concessão de vistos, a estrangeiros sem qualificação ou de países pobres, que iludidos com a onda de “prosperidade” no Brasil poderão vir a ser tornar candidatos a entrada no país.
O claro desinteresse e a falta de vontade política da atual elite no poder em preparar, a nossa população para as melhores vagas no mercado de trabalho é nítida e ao mesmo tempo preocupante, já que recorrendo a estratégias que demonstram dependência, essa mesma casta privilegiada é contraditória em seu próprio discurso ao defender que com a vinda do imigrante qualificado para o Brasil, haverá transferência de tecnologia, o que nos isentaria de produzir a nossa própria?    
Por fim, a atual política, cujo objetivo central é a vinda de trabalhadores qualificados é contraproducente e um desserviço para o país e os seus cidadãos, pois o momento para qualificar, formar profissionais competitivos e reformar o sistema educacional desde a base (ensino fundamental e médio) ao ensino superior é agora, sem essas medidas continuaremos, a utilizar de métodos escusos para suprir a nossa crônica falta de mão de obra qualificada.




Por Ricardo Marinho(estudante de História da UERJ), leitor e colaborador do Observatório Crítico.

domingo, 22 de janeiro de 2012

A entrevista de Pezão

Caros leitores, um respeitoso jornal, nesta manhã(22/01), publicou uma copiosa entrevista com o Sr. vice governador do estado do Rio de Janeiro. Repetindo o que já fizera em outras oportunidades também com os apaniguados do poder peemedebista no Rio( Eduardo Paes, Picciani e Beltrame), o jornal foge de suas responsabilidades como um veículo de informação e opinião do povo e parte para o lado do que chamamos de imprensa chapa branca, demonstrando mais uma vez o governismo da imprensa carioca e a tradicional falta de luta proveniente da nossa classe política.
Não desejo aqui criar alguma quizília com o jornal (imagine, um simples estudante blogueiro), até por que o ataque teria que ser a todos os grandes jornais do Rio de Janeiro, meu propósito aqui é outro. É analisar o teor da entrevista, publicada no O DIA online, na qual o Sr. Pezão, aquele mesmo que assina decretos beneficiando a família da esposa e que se envolve em negociatas como no acordo com a Metalúrgica Valença, não fala nada demais sobre este Governo de que tanto temos que falar, deste que tanto tem a esclarecer, deste que tanto tem à pagar com o povo carioca. Porém nesta entrevista, com todas as letras de cada palavra e com todas as palavras de cada frase, o Vice Governador fala, entre outras barbaridades, em modificar a Constituição da República para atender aos interesses de um Governo que não faz as suas obrigações e tem que, de pires na mão, recorrer ao Governo Federal. 


Ao nojo pela impostura e revolta contra o cinismo com que o Governo impõe ao glorioso estado do Rio de Janeiro a mentira eleitoral, a mentira social, a mentira cultural, a mentira educacional, soma-se agora a mentira da segurança pública. O Vice Governador diz que é justo e necessário recorrer às Forças Armadas no serviço de "pacificação" das favelas. Então seria justo e necessário retirar as nossas Forças Armadas do seu dever principal, que seria o de proteger a Nação, para cumprir um dever que seria de um Governo Estadual? Este Governo Estadual, incompetente no combate ao crime organizado, altamente corrupto e comprovadamente ( até por vídeos) comprometido com milicianos, não consegue combater o crime organizado com a eficácia correspondente ao tamanho da responsabilidade. Transferência de traficantes das Zonas Sul e Central para a Baixada Fluminense, para São Gonçalo e para a Zona Oeste já foi demonstrada não ser a melhor solução. Retirar os militares de suas obrigações( monitoramento das fronteiras) nas quais corta-se um mal pela raiz( a entrada de drogas e armas no País) para atacar na consequência e não na causa é uma asneira que não tem nem a desculpa de ser inédita. E como o Sr. Pezão apoia o que está sendo feito e o que está sendo feito é uma porcaria, sequer podemos dar um voto de confiança a este moço, e a toda a corja que se apoderou da máquina pública e que tanto afronta aos próprios cidadãos.
Cabe a cada cidadão a análise coerente do que vem ocorrendo no Estado nestes últimos anos. A educação continua sendo um dos muitos pontos fracos do Governo. Cada criança fora da escola é um CRIME CONTRA O RIO DE JANEIRO. Os professores seguem recebendo seu minguado salário numa das cidades mais caras do Brasil. A saúde segue sendo vilipendiada pelo estado, com os hospitais à míngua e as verbas reduzidas. A Universidade do Estado é o que muitos já conhecem. A outrora gloriosa UERJ cai aos pedaços e não tem sequer um representante na Assembleia Legislativa. O transporte público entregue à concessionárias declaradamente incapazes de cumprir com qualidade suas obrigações, cobra um preço abusivo e o povo segue sendo aviltado, escarnecido, humilhado e traído sucessivamente. Até que ponto o povo atura que dele se escarneça.
Se não houver uma reação contra essa desagregação, uma retificação desse abuso, uma destruição desa impostura que é o governo PMDB no Rio, o dia seguinte do Governo Cabral ( ou do seu indigitado sucessor, o que vem a dar na mesma, com algumas agravantes) será a revolta, ou a barbárie.
Pois os democratas, apavorados, apalermados ou simplesmente perplexos terão deixado obstruir todo o caminho para uma verdadeira reforma democrática, a verdadeira prática do Estado servindo ao povo ( e não do povo servindo ao Estado), o verdadeiro bem-estar social, e por isso o povo não hesitará em trocar a "civilização moderna com seu moderníssimo Maracanã(com sua obra simples e barata), seus BRTs(a solução de todos os problemas de transporte do Rio) e suas "excelentes" UPAs, pelo direito de comer, de trabalhar e sobretudo de ter pelo menos a ideia de que o Governo leva em conta a sua existência.
Por isso, não adianta os grandes veículos de comunicação ignorarem o que todo o povo já sabe. O governo Cabral, a coalizão Paes-Cabral-Picciani-Pezão-Temer-Dilma é um conluio monstruoso, digno de investigação da Polícia Federal, Agências de Inteligência, MP e tudo mais. Não é possível que o povo e os veículos que deveriam lhe informar a verdade silenciem. Não é possível que se esconda a verdade dos eleitores. E não é possível que esta politicagem podre, tosca, à força de ser idiota, prossiga contaminando o nosso estado. O que nos sobra hoje é a esperança, de melhores políticos, de uma oposição mais aguerrida e contundente e principalmente, com compromissos com a ordem democrática e não com o que chamamos hoje de política carioca. O compromisso deve ser com o povo carioca, para que a política carioca se reforme por si mesma.
O quanto antes, para que não seja tarde demais.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Povo e oposição

Prato cheio. Esta é a denominação perfeita, segundo o jornalista Augusto Nunes, para o Governo Dilma. Um prato cheio para a oposição. Problemas políticos, inflação, aumento do IPCA, aumento dos juros, desindustrialização progressiva, empreguismo, máquina educacional perra e guinchante, loteamento de ministérios e a tão conhecida corrupção. Isto foi o Governo Dilma em 2011.
Mas se existem tantos problemas, porque não há mobilização popular contra tais aberrações? Deve-se perguntar um leitor ávido por informações afim de reduzir as confusões políticas em sua cabeça.
A oposição hoje não consegue emanar o espírito do povo, não consegue corresponder às aspirações populares. Quando há um desastre o que fazem os senhores oposicionistas do Congresso? Somem. Quando existem denúncias de corrupção, muitos oposicionistas calam-se sob o temor de que seus tetos de vidro sejam atingidos. Então o que fazer para que a oposição corresponda ao povo, para que o povo olhe para um político oposicionista e veja nele e em suas ideias,  o retrato fiel de um povo sofrido e humilhado, ainda mais hoje por aqueles que se diziam os "amigos do povo" e que  chegam ao poder pela mão do povo, para aviltar o povo, humilhar o povo e fazer com que o mesmo perca os restos de esperança que lhe restavam na política brasileira.
A oposição, caso queira bater-se pela bandeira da moralidade, não deve possuir em seus quadros, homens públicos comprometidos com a ordem retrógrada, reacionária e estúpida. Não deve aceitar homens públicos que:
1. Roubam
2. Matam
3. Praticam Violências
4. Cuidam de seu mandato mais do que de seu povo
5. Vendem-se por quaisquer emendas ou por toda forma de acordo imoral e escuso

                                                         Câmara dos deputados vazia: Triste rotina da política Brasileira

Cumpridos estes pré-requisitos, resta á oposição tentar ganhar a opinião pública. Os partidos de oposição sumiram dos jornais, dos programas políticos, dos movimentos populares, do noticiário social e cultural. Há de se tentar recuperar este espaço dignamente. Pois a desconfiança do povo em relação a tais partidos é tanta, que o mesmo se permite acreditar em partidos deliberadamente comprometidos com a roubalheira gritante que ocorre nos porões de Brasília do que seguir um partido de oposição.
Um partido "sincero" não se utilizaria da demagogia, nem da mentira e muito menos do assistencialismo para integrar o povo ao processo democrático. Não dá para negar que a democracia no Brasil ainda é algo bem atrasado, pautada pelo assistencialismo, empreguismo e todos os tipos de "ismos". A democracia deve ser algo à se atingir, sempre imperfeita, sempre sujeita a melhoramentos. E um partido para defender a  democracia, sem o intuito de destruir seus adversários como declaradamente faz o PT, deve prezar por princípios e ser intransigente com qualquer tipo de prática antidemocrática.
Vejam que isto não é impossível. Ainda existem hoje em vários partidos, até mesmo dentro do PT( alguns poucos, é verdade) homens públicos que se preocupam com a moralidade na vida pública, estes poucos podem e devem criticar o governo por tudo que houve de errado neste ano que passou. Para que a oposição como bloco possa criticar veementemente o governo, tem ainda que consertar o seu telhado, pois uma parte dele ainda é de vidro.

domingo, 9 de outubro de 2011

Retrato de um povo

Não somos uma capital decaída, mas uma cidade Libertada. Fomos é certo, abandonados,  os que daqui saíram sabem que o Rio é uma cidade onde ontem hoje e sempre estarão como em sua casa. Sabem estes Brasileiros que somos uma região sem regionalismos, pensamos nossos problemas em termos mundiais além de continentais, e continentais além de nacionais.
Somos um povo sem rancores, cuja alegria nada consegue destruir, cuja esperança ninguém esmorece, cuja bravura ninguém domou, cuja fibra ninguém destroçou, cujo entusiasmo NINGUÉM abateu. Somos o povo que rechaçou o invasor e a aliança dos nativos com ele.(...) Somos um povo carnavalesco, mas um povo sofrido; um povo de sambas e de reações profundas; Somos um povo com senso de humor e com repentes de ira sagrada. Somos um povo impetuoso e generoso capaz de indisciplina e de indocilidade; povo que não gosta de se curvar mas se inclina diante da beleza (...)
Aqui até os mais pobres moram de rosto voltado para a maravilha da natureza, que a incúria dos governos ainda não conseguiram desfigurar.
Muitas desgraças nos desfiguraram, muitas cicatrizes marcam a cidade, abertas, escandalosas, de sinais de tragédia e sombras de martírio. NÃO É POR ACASO QUE O PADROEIRO DA CIDADE É UM MÁRTIR CRIVADO DE FLECHAS. Pensaram que nos abandonando interiorizavam a civilização, mas foi aqui que a deixaram. Porque somos a síntese do Brasil, somos a porta do Brasil para o mundo, e somos do mundo, a vera imagem que ele faz de nós.


Carlos Frederico Werneck Lacerda (1960)

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Ao povo Carioca

Denuncio aqui ao povo carioca, a conspiração que ocorre às vezes silenciosamente, às vezes de forma gritante, nos corredores do Congresso, nos Ministérios e nos porões do Palácio do Planalto, contra um povo honrado e sério, o povo carioca. Enquanto a conspiração consistia apenas em pequenas hostilidades abertas, não havia por que ter preocupação. Agora querem mais uma vez atingir nosso povo, e de forma aviltante.
O único prejudicado será você cidadão carioca, depois todos os brasileiros. Estes por que após nos espoliarem, acabarão brigando entre si pelos louros de uma guerra surda, que historicamente nos é imposta de forma criminosa, e nem sempre bem enfrentada pelos cariocas que deveriam enfrentá-la, nossas autoridades.
Não nos perdoam o período em que fomos a Capital da Colônia, do Império de depois da República. Tudo faziam para nos privar de nossa autonomia, os vetos de nosso prefeito NOMEADO PELO PRESIDENTE não podiam ser apreciados pela Câmara dos Vereadores, e sim pelo Senado Federal. Sistematicamente nossos prefeitos eram mineiros, gaúchos e até paulistas, o que é monstruoso de se pensar. Mas enfim, com a constituição do estado da Guanabara, conseguimos, enfim, nossa autonomia.
Mas a luta continuou, não parou ali.
Quando estado da Guanabara, vivemos sob constante ameaça do Governo Federal. O prejudicado continuava sendo o cidadão carioca.Verbas que nos eram de direito, sistematicamente foram negadas. Nem o que era devidamente nosso eles queriam nos dar, mas mesmo assim com um governo honrado e dois nem tanto assim, conseguimos manter o então estado da GB no topo do país tanto politicamente quanto culturalmente.
Eis que vem a fusão, imposta forçosamente pelo Governo Federal em mais um espetacular ato de intervenção, e o Rio perde sua capitalidade. Indústrias que se localizavam no estado do Rio, fugiam para Minas Gerais ilegalmente, como bem explicou Ronaldo Costa Couto, secretário de planejamento do Governo da Fusão  (Floriano Peixoto Faria Lima) ao CPDOC. Não importa, se for para atingir o Carioca tudo vale.
Nos anos 80 e 90 vivemos a desgraça total. Dois governos Brizola, tivemos Marcello Alencar, Moreira Franco, foi uma tragédia, sem contar os Garotinho.
Aonde o Carioca vai, é chamado de preguiçoso, de aproveitador, sofre os mais variados preconceitos, é insultado. Salvo em algumas localidades, sofremos os mais diversos preconceitos em quase todos os outros estados da "federação".
O Governo Federal defende os mais variados politiqueiros que aqui se instalam, impedindo o surgimento de lideranças verdadeiras e eficazes. Em todas as eleições, o Governo Federal banca e apóia os piores candidatos, que vencem.
Agora, nos últimos anos, mais pelo momento positivo e menos pelas qualidades de nosso governador, o Rio voltou a crescer, mesmo que a duras penas. O crescimento do Rio de Janeiro, as Olimpíadas, a final da Copa do Mundo é uma provocação permanente à certos grupos.
A cada conquista realizada pelo povo carioca, muitos se retorcem, se danam e re-danam inventando fórmulas, pretextos e desculpas para nos espoliarem. Antes, sempre quando tínhamos um Governo honrado eles batiam-se e de tudo faziam para nos afrontar. Foi assim com Pedro Ernesto, acusado de comunista, com Lacerda, Faria Lima e até Conde. HOJE, ELES SEQUER ESPERARAM QUE TIVÉSSEMOS UM GOVERNO HONRADO, ATACARAM O GOVERNO CABRAL MESMO.
Mesmo sendo governados por um negocista, um sujeito cheio de negócios escusos, precisamos protestar, é pois, dever nosso reagir. Chegou a hora. Precisamos fazer nosso protesto ter entono nas Universidades, nas associações de classe, nas ruas, nas escolas, na ALERJ, na Câmara, no Planalto, pois o povo carioca não aguenta mais ser espoliado.
As briguinhas internas com o Governador devem ser interrompidas para nos unir contra o inimigo comum. Churchill e Atlee se atacaram mutuamente durante anos, mas se uniram contra o invasor estrangeiro. Então sendo Udenistas, Peessedebistas, Comunistas, Esquerdistas, sejam lá o que forem. É hora de nos unirmos. Cabral, Picciani, Paes entre outros, uma hora irão sair. O Rio ficará, só não sabemos como.
É hora do basta!
Tudo o que pedimos aqui é: Não mexam no que é nosso, e deixem o Rio em paz. Querem transformar nosso lar um imenso balneário com favelas em volta. É preciso que se reaja à isto. É necessário que o poder público carioca se faça presente. Sem ameaçazinhas idiotas ao Planalto, apenas reivindicando o que é nosso.
E esperamos que parte do Congresso também tenha um acesso de escrúpulos.
Contra a Covardia em Defesa do Rio!!

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Meu amigo X, antes de depois

Bom meus caros, interrompo aqui as postagens sobre textos político-sociais afim de lhes contar as impressões que tive ao rever um grande amigo de minha família, o X.
Quando conheci X, eu era apenas um jovem de dezesseis anos, e ele 21. Cursava a Universidade Cândido Mendes, mais precisamente o curso de economia, sempre se destacando por suas notas e conseguindo bons estágios, rodeava-se de amigos e sempre viva sorrindo.
X era um jovem cheio de sonhos, que me ensinou muitas coisas. Lembro-me bem de quando estava apaixonado por M, também amiga de minha infância. Viam-se quase que diariamente, até achei que fossem casar-se e encontrar a felicidade.
Bom, eis que hoje, passando pelo centro da cidade, mais precisamente na Rua Primeiro de Março, vejo um sujeito sentado em um bar rodeado por lindas garotas e bebericando whisky e cerveja, quando me dei conta, era X. Diferente, estava mais alto, bem arrumado, porém com uma cara de sujeito desinteressado, apenas vivendo. Parei, falei com ele, e lógico, com as garotas, nenhuma delas demonstrava o mínimo de inteligência, apenas estavam ali para o "abate", como me revelou X. Questionei se isto era certo, afinal eram três. Além de me dizer que sim, revelou que era outro, e que M havia morrido para ele quando ele tinha 23 anos.
Tomei o primeiro ônibus para casa e fiquei me questionando sobre o que houve na vida de X que fê-lo mudar radicalmente. Ao chegar em casa liguei para antigos amigos e fiquei surpreso mais que boquiaberto ao ouvir as histórias destes anos os quais eu me mantive à parte de um belo círculo de amizades.
X tornou-se um dos sócios de uma mediana empresa de contabilidade localizada no bairro do Castelo, no Centro. Hoje, é uma pessoa que não se importa com os outros, costuma dizer que seu coração morreu junto com tudo o que ele acreditava, o porquê disso tudo eu sequer faço ideia.
Mas gosto de fazer conjecturas, embora este assunto não seja o meu forte. Como um péssimo pesquisador das relações humanas, pude constatar que X sofreu alguma grande decepção em sua vida, a qual o fez congelar profundamente. Hoje ele diz aos amigos que é mais fácil acreditar em um político do PMDB do que nos sentimentos de uma mulher, o que é monstruoso de ouvir. Não pretende se casar, muito menos se envolver com qualquer tipo de mulher, à não ser com as quais ele denomina objetos. Algumas estudantezinhas universitárias, estagiárias de sua empresa ou mesmo prostitutas.
X hoje é um homem que se acha feliz, mas na verdade é um solitário. Nunca vou saber o que aconteceu com aquele homem feliz, e hoje o que mais me atemoriza é ter que ficar como ele, coisa que eu não desejo para qualquer um.